DICA DE LEITURA: “CORALINE”
Por Fernando Chagas da Costa (*)
Se você nunca leu a mais famosa obra de Lewis Carroll (cujo nome verdadeiro era Charles Lutwigde Dogson), Alice no País das Maravilhas (publicada inicialmente em 1865), certamente já ouviu falar, alguma vez, sobre ela, com seus personagens surreais.
E o que isso tem a ver com a Dica de Leitura dessa semana?
É que “Coraline”, do autor britânico Neil Gaiman, foi comparada à obra de Lewis Carroll, em função dos tipos de personagens e por se passar através de uma realidade alternativa.
“Coraline” é enquadrada como uma novela fantástica de terror, tanto que um dos prêmios que o autor ganhou foi o “Bram Stoker Award” de melhor trabalho de novos escritores em 2002 (Bram Stoker foi um escritor irlandês que se tornou mundialmente conhecido através de sua obra gótica “Drácula”, que serviu de inspiração para tantos filmes hollywoodianos).
A história de Coraline começa quando seus pais se mudam para uma casa perto de uma floresta. Como eles estão sempre ocupados, dando-lhe pouca atenção, ela é impulsionada a por si só “explorar” o local onde vive. Em uma dessas explorações, Coraline descobre uma porta trancada, bloqueada por tijolos. É essa porta que separa a realidade do mundo real e de um mundo paralelo, com pai e mãe semelhantes aos seus, exceto por terem, no lugar dos olhos, botões.
Inicialmente os pais (quase) idênticos aos originais parecem ser mais interessantes, divertidos e lhe dão mais atenção, que os verdadeiros. Quando Coraline, ao final do dia vai regressar para seu mundo real, é dada a chance de permanecer para sempre no outro mundo, com a outra mãe, desde que para isso, ela também permitisse que lhe costurassem botões nos olhos, igual aos seus pais ali.
Será que ela topará? O que vai acontecer depois? O que algo inocente como um botão pode ter de tão aterrorizante?
Em 2009 Coraline ganhou uma adaptação para o cinema, através de uma produção animada feita com a técnica de stop-motion, que usa massa de modelar e os quadros são fotografados, criando a ilusão dos movimentos (a exemplo do uso da técnica temos diversas animações famosas, como “A Fuga das galinhas”, “Wallace e Gromit”, “A Festa do Monstro Maluco” e “Frankenweenie”, entre outras). Já assisti algumas vezes o filme em um canal de TV por assinatura.
Não se iluda quem achar que é uma doce história infantil, para crianças. O livro é bem construído e tem várias ilustrações que enriquecem o visual. Pode ser adquirido na versão física ou virtual e se você estiver um pouquinho disposto, dá para lê-lo em um final de semana.
Boa leitura
(*) Fernando Chagas da Costa é funcionário do Banco do Brasil há mais de 30 anos e professor universitário da área de exatas na Faculdade de Alagoas/FAL, vinculada a Estácio de Sá.