Reconstituição da Morte do Promotor Contradiz Depoimento da Noiva.

A reconstituição do assassinato do promotor de Itaíba, Thiago Faria Soares, realizada na manhã de segunda (23), mostrou que a advogada Mysheva Martins, noiva do promotor, não teria condições de identificar com clareza a pessoa que atirou nele. A constatação de fontes do IC que, em reserva, falaram ao Diario após a simulação, contradiz o depoimento de Mysheva à polícia no qual ela afirma ter reconhecido o agricultor Edmacy Cruz Ubirajara como o autor dos disparos. O assassinato ocorreu em 14 de outubro, na rodovia PE-300, em Águas Belas, Agreste do estado. A polícia trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido motivado por disputa pelas terras da Fazenda Nova. O depoimento de Mysheva, que foi gravado pela polícia, chegou a motivar a prisão do suspeito, solto na semana passada por falta de provas. O laudo da simulação deve ficar pronto em até 30 dias. Já o inquérito ainda não tem data para ser concluído.

Segundo a perita do Instituto de Criminalística (IC) Vanja Coelho, que coordenou a reconstituição, durante mais de três horas peritos, auxiliares, fotógrafos e policiais civis refizeram os últimos passos de Thiago, Mysheva e do tio dela, Adaltivo Martins, que estaria de carona com o casal no dia do crime. “A reprodução simulada foi bastante frutífera e todos os resultados serão anexados ao inquérito policial num prazo entre 20 e 30 dias. Hoje (ontem) analisamos os ângulos de visão e refazendo tudo que as testemunhas disseram. Durante todo o tempo, Mysheva esteve bastante emocionada”, comentou Vanja.

Outro elemento demonstrado na reconstituição é que o casal foi até a Fazenda Nova, onde Mysheva arrendou alguns hectares de terra, antes de seguir para Itaíba. Baseada apenas no depoimento da noiva do promotor e das testemunhas oculares da cena do crime, a reprodução simulada mostrou que havia três homens dentro do Corsa que interceptou o Hyundai do promotor na PE-300. A pessoa que efetuou os disparos estava sentada no banco traseiro do veículo, que não tinha placa dianteira. A delegada Josineide Confessor, que preside o inquérito juntamente com o delegado Alfredo Jorge, pouco falou sobre as investigações. “O trabalho de hoje (ontem) foi para esclarecer algumas dúvidas e confrontar com os depoimentos das testemunhas. Todas as diligências feitas até agora foram bastante proveitosas, no entanto, como o caso está sob segredo de Justiça, não podemos dar maiores detalhes”, ressaltou a delegada.

Um grupo de promotores do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também acompanhou a reprodução. Eles são da força-tarefa montada pelo MPPE e fazem parte do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas. Ao final da reconstituição, o promotor Epaminondas Tavares falou com a imprensa: “Estamos acompanhando os trabalhos da polícia e aguardando os resultados das perícias. Não podemos nos pronunciar sobre o caso”, disse.