segunda-feira, 14 de outubro de 2019

A eleição do Conselho Tutelar replica o vício das eleições gerais


Por
Alexandre Piúta

            As eleições para o Conselho Tutelar acontecidas domingo pelo país afora teve em todos os Estados uma série de denúncias. E, o que deveria ser exceção se revela um modelo vigente pelo país afora, com mais ou menos intensidade, a depender da região.

            Vídeos revelam candidatos em situações deploráveis, noutros até manuseando cédulas eleitorais. Denúncias, vazadas por meio de áudios, revelam o preço da compra e venda de votos, variando entre o Sudeste e o Nordeste de R$ 20 a R$ 100. Santinhos e transportes irregulares correram frouxo. Isto, mais declarações de candidatos derrotados afirmando que têm provas de irregularidades.

            A eleição de domingo é um exemplo e traz à tona a chaga que toma conta de muitas regiões do país, que é o mercado de votos. Sobre isso, vale lembrar a decisão recente do Senado limitando o gasto para as próximas eleições aos valores de 2016 acrescidos da inflação, bem como definiu o valor máximo para utilização de recursos próprios em 10% a do total de campanha. Com isso, o gasto de uma campanha a prefeito numa cidade como Bom Conselho será próximo de R$ 250 mil reais.

            A compra e venda de votos, por outro lado, leva a uma reflexão sobre o papel de cada um dos envolvidos no negócio. De um lado está o que compra e de outro o que vende. Mas, qual desses dois dos dois é mais ou menos culpado? Da minha parte, penso que são iguais. Pois considero que na compra e venda de votos as duas partes são corrompidas, uma recebendo um valor irrisório pelo voto sob a justificativa de que é só um voto e do outro lado, o comprador que tem poder nos dois sentidos, o aquisitivo e poder político, também corrompido.

O que aconteceu no domingo passado merece reflexão sobre como são tratados muitos processos eleitorais no país. Na nossa cidade não é diferente. Aqui até as paredes sabem que acontece de tudo a cada eleição. Em muitos casos são visíveis que os gastos extrapolam os valores estabelecidos na lei, mas pouco tem sido feito para acabar com o abuso e a insistência de muitos em desrespeitar a legislação.

A compra de voto é um desserviço à sociedade, além de desautorizar a quem faz isso a tecer qualquer que seja a critica acerca de idoneidade das pessoas que ajudou a eleger se beneficiando dessa prática, pois não há diferença quanto ao comportamento ético de quem se envolve nesse tipo de situação. São situações, portanto, que não podemos concordar, tenha sido no passado, hoje, ou no futuro.

Francisco Alexandre – Piúta

Nenhum comentário:

Postar um comentário