Oftalmologista orienta como se deve higienizar os olhos para evitar
contágio.
Em um momento em que se discutem as formas de contágio e os riscos de
complicações da contaminação pela Covid-19, é necessário ter grande atenção com
os olhos, pois eles são uma das portas de entrada do novo coronavírus no
organismo. Apesar do vírus ter sido detectado na lágrima e na conjuntiva, o
olho parece não oferecer risco como contaminante. “Porém, vários estudos
apontam que ele pode provocar um quadro de conjuntivite, semelhante a outras
conjuntivites virais. Por isso, todo cuidado é pouco quando se trata de
conjuntivite ou alergia ocular, pois eles podem ser sintoma de contágio”,
explica a sócia e fundadora do Instituto de Olhos do Recife (IOR),
oftalmologista Alzira Lins.
O alerta vale para todos, mas especialmente para quem tem problemas na
córnea. “Frente a um quadro de conjuntivite, há risco de coçar mais os olhos e
isso pode agravar patologias como o ceratocone, que hoje não é uma doença
ocular incomum”, explica a doutora Alzira, especialista em lentes de contato.
Para se ter uma ideia, estima-se que o ceratocone atinge 150 mil pessoas no
Brasil, todos os anos, sendo atualmente a maior causa de transplante de córnea.
Pelo fato de ser um novo vírus, o organismo ainda não consegue dar uma
resposta eficiente para evitar a contaminação. Isso faz com que pessoas
predispostas, alérgicas e as que têm ceratocone, por exemplo, possam
desenvolver algum tipo de alergia ocular. “O mais importante é que a mão nunca
vá para o rosto e muito menos para o olho. Deve-se evitar coçar os olhos e fazer,
constantemente, higiene ocular com água e sabão neutro ou shampoo neutro”,
orienta a oftalmologista.
CERATOCONE – Esta doença ocular, não
inflamatória e progressiva, afeta a estrutura da córnea, podendo levar a um
sério comprometimento da visão. O ceratocone provoca mudanças estruturais que
deixam a córnea mais fina e modificam sua curvatura normal para um formato
cônico.
É principalmente na adolescência que a enfermidade pode se apresentar de
modo insidioso, na maioria das vezes como miopia ou astigmatismo irregular,
fazendo com que o paciente troque o grau dos óculos com frequência. “Há
pacientes com sintomas iniciais de baixa na acuidade visual, visão embaçada,
imagens duplas e fotofobia”, comenta a doutora Alzira.
Para a médica, em época de pandemia, é necessário continuar cuidando da
saúde em geral e, em especial, a ocular. “Se o paciente tiver algum incômodo,
não deve esperar. O aconselhado é procurar um serviço de emergência ocular
24h”, orienta a oftalmologista.