Apesar de a Justiça ter acatado o pedido do governo estadual
e determinado a aplicação de uma multa de R$ 30 mil por dia ao Sindicato dos
Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) em caso de paralisação, a categoria
decidiu paralisar as atividades nesta quarta-feira. Notificado da decisão na
noite de terça-feira, o sindicato decidiu manter a programação de 24 horas e
informou que irá recorrer da decisão.
Desta vez, os serviços do Instituto de Medicina Legal (IML)
do Recife também foram interrompidos. Seis corpos aguardam liberação. Os
trabalhadores, que denunciam a total falta de condições de trabalho no local,
vão realizar um protesto esta manhã em frente ao IML, no bairro de Santo Amaro,
no Recife. Além do IML, na liberação de corpos, também serão afetados o
Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto de Identificação Tavares Buril
(ITB), que não farão a emissão de documentos e as delegacias que, desde a zero
hora não registram os Boletins de Ocorrência (BO). Estão sendo reagistrados
apenas os flagrantes.
De acordo com o Sinpol-PE, a pauta de reivindicações pede a modificação no
Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) para que promova aumentos
salariais por tempo, qualificação e faixa etária, além da reposição das perdas
inflacionárias e integração dos peritos papiloscopistas ao quadro técnico
policial.
Há três meses, vários atos e paralisações vêm sendo realizados com o mesmo
propósito. No último dia dois de julho, tepresentantes do sindicato foram
recebidos no Palácio do Campo das Princesas, pelo secretário-executivo da Casa
Civil, Marcelo Canuto. Na reunião, o secretário detalhou o cenário de retração
econômica e o compromisso do estado com a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas
reafirmou o interesse do governo no avanço dos pontos de pauta que não gerem
impacto financeiro.
No mesmo dia, antes da reunião, delegados e policiais civis de Pernambuco, em
paralisação de 24 horas, realizaram em frente à sede do governo do estado, o
enterro simbólico do programa Pacto pela Vida. Com direito a caixão e coroa de
flores, os trabalhadores denunciam a manipulação de números para apontar uma
redução da criminalidade e cobram, além de melhores condições de trabalho, a
reestruturação das carreiras apontadas como as que têm os piores salários do
país.
Na ocasião, os profissionais também fizeram a entrega simbólica das jornadas
extraordinárias de trabalho. Segundo eles, os plantões do Programa de Jornada
Extra de Segurança (PJES) não conduziam com as condições mínimas necessárias
para o bom trabalho. A decisão foi tomada durante assembleia conjunta entre o
Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) e a Associação dos
Delegados da Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe), no dia 26 de junho.
Cerca de 90% dos policiais e mais de 240 delegados já aderiram ao gesto. Depois
de se concentrarem por volta das 8h30 em frente ao prédio da Secretaria de
Planejamento (Seplag), na Rua da Aurora, os manifestantes seguiram em passeata
até o Palácio, passando pelo Parque Treze de Maio e Avenida Conde da Boa Vista,
onde o trânsito travou.