O
ministério alerta a sociedade para os cuidados com a prevenção. A doença,
também transmitida pelo Aedes aegypti, tem sintomas semelhantes aos da dengue.
De:
Correio Braziliense
O
ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que é possível o Brasil viver um
cenário de epidemia de febre chikungunya. A América Central apresenta um surto
com mais de 61 mil casos confirmados, de acordo com a Organização Pan-Americana
da Saúde (Opas), de dezembro de 2013 a maio de 2014. Na última terça-feira, a
pasta confirmou 16 situações em que a doença foi transmitida internamente no
país e não apenas por viajantes, como vinha acontecendo. A doença é transmitida
pelo Aedes aegypti, mesmo mosquito da dengue e os sintomas são semelhantes,
apesar de ser menos letal.
“É
possível (falar em epidemia), mas a gente ainda não consegue ter a dimensão do
número de casos, nem a velocidade de propagação da doença”, afirmou Arthur
Chioro. “Quando não há registro de casos e aparece alguns, você caracteriza
como epidemia, no primeiro momento”, enfatiza. Desde 2010, quando o Brasil
registrou três casos importados da doença, o Ministério da Saúde passou a
acompanhar e monitorar a situação do vírus.
Apesar
de a pasta ter um plano de contingência estabelecido desde 2012, o ministro
explica que apenas a partir do segundo ano da presença do vírus no país é
possível analisar a situação com mais clareza. “É quando a gente começar a
estabelecer um coeficiente de incidência da doença. Aí nós vamos poder ver a
magnitude e o comportamento que ela vai assumir no nosso país”, detalha Chioro.
Em
2014, 37 casos da doença foram registrados no Brasil em pessoas que vieram do
exterior, especialmente soldados em missão no Haiti. Outros dois foram
registrados em Oiapoque, no Amapá, na divisa com a Guiana Francesa, e 14 em
Feira de Santana, na Bahia. O ministro informou que equipes do ministério foram
enviadas aos municípios para auxiliar no bloqueio do vírus e controle da
doença. Além disso, o trabalho junto às secretarias municipais e estaduais de
saúde será intensificado, principalmente a partir de dezembro. “Pelas
características epidemiológicas, vamos ter que trabalhar com a presença de mais
uma doença viral. A chikungunya não tem a mesma dramaticidade, letalidade e
gravidade da dengue, mas isso reforça a necessidade da sociedade não esperar o
próximo verão para iniciar as ações de controle de vetores”, disse.
Controle
Além
do Aedes aegypti, o Aedes albopictus é um vetor importante na transmissão do
vírus Alphavirus — são os dois Aedes que circulam no Brasil. Para o médico
sanitarista colaborador na Universidade de Brasília (UnB) e integrante da
Sociedade Brasileira de Infectologia Pedro Tauil, é quase certo que o vírus
passe se espalhar pelo país. “É questão de tempo”, diz. O combate à doença é
feito da mesma forma que o combate à dengue: controlando a proliferação dos
mosquitos. “O único elo vulnerável da cadeia de transmissão é o vetor. Não
existe vacina nem tratamento contra o vírus, apenas contra os sintomas”, disse
Tauil.
A
doença provoca dores fortes nas articulações e pode se prolongar por semanas,
além de febre, mal-estar e dor de cabeça. O tratamento consiste no alívio dos
sintomas, que costumam durar de três a 10 dias.
Quantidade
de casos de contágio interno confirmados no Brasil: 16
Sintomas
»
Febre abrupta
» Dor de cabeça
» Manchas avermelhadas no corpo
» Dor intensa nas articulações, principalmente, nas menores, com as das mãos e
dos pés
Origem
No
idioma africano makonde, o nome chikungunya significa “aqueles que se dobram”,
em referência à postura que os pacientes adotam diante das fortes dores
articulares.
Subtipos
Diferentemente
da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya só tem um. Ao ser infectada e
se recuperar, a pessoa se torna imune. O fato de alguém já ter sido infectado
com algum dos subtipos da dengue não o torna mais ou menos vulnerável à
chikungunya.
Letalidade
A
febre chikungunya é menos mortal que a dengue. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), complicações mais sérias são raras. O risco é maior
para idosos que já tenham outros problemas de saúde
Transmissão
O
vírus é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A
infecção segue os mesmos padrões sazonais da dengue. Épocas de calor e chuva
são mais propícias à proliferação dos insetos.