COLUNA DICA DE
LEITURA: “OS NÚMEROS DO JOGO”Por
Fernando Chagas da Costa (*)
Recentemente,
ao selecionar material para elaborar aulas da disciplina Aplicações Estatísticas
no Processo Gerencial, que leciono em um curso de MBA na Estácio, em finais de
semana, descobri, através de indicação em uma revista, o livro “OS NÚMEROS DO JOGO”,
que tem como subtítulo a instigante frase “Por que tudo que você sabe sobre futebol
está errado”. Como tinha vínculo com o tema da minha disciplina, adquiri
a obra na versão digital.
Já
conhecia livro do mesmo autor, Chris Anderson, quando li, há alguns anos, a boa
obra “FREE – Grátis: O futuro dos preços” (que espero comentá-la mais
futuramente). A publicação mais recente é de sua autoria em conjunto com David
Sally. Ambos, Chris e David, são ex-esportistas. O primeiro foi goleiro de um
time da quarta divisão na Alemanha; o segundo já praticou beisebol.
Atualmente
Chris Anderson é professor de Estatística na Universidade Cornell (EUA) e David
Sally leciona na Faculdade Dartmouth (EUA).
O livro
traz uma série de análise, com base em dados estatísticos, que levam a
conclusões bastante interessantes, como é o caso de que por conta da raridade
de se fazer um gol, diante de tantos eventos que há em um jogo (dribles,
carrinhos, passes errados, passes certos, cruzamentos, impedimentos, cabeçadas,
pênaltis etc.), chegou-se a conclusão que o futebol é o mais imprevisível dos
esportes.
Para se ter
uma ideia do volume de dados analisados, só na final da Copa dos Campeões da
UEFA da temporada 2009-2010, entre a Internazionale de Milão e o Bayer de
Munique, houve mais de quatro mil eventos, onde apenas dois deles (os gols)
decidiram o resultado.
A conclusão
chegada, pasmem, é que no futebol 50% dos resultados positivos são conseguidos
por “sorte”. Para se chegar a isso foram analisados, entre tantos outros
parâmetros, mais de quarenta e três mil partidas de futebol.
Na
oportunidade de cobrar um escanteio é melhor cruzar na área ou cobrar curtinho?
Nosso senso comum nos leva quase sempre a optar pela primeira opção, para que
um zagueiro alto que subiu ao ataque possa cabecear e marcar o tão esperado
gol, não é mesmo? Resposta: Prefira o curtinho. Com dados da Premier League das
temporadas de 2001-2002 e 2010-2011, percebeu-se que apenas uma em cada
nove finalizações partidas de escanteio foi concluída com gol.
Uma das
tabelas apresentadas no livro tem a diferença percentual entre as pontuações do
melhor e do segundo melhor jogador em cada posição, na temporada da League em
2011. O fato mais gritante é na posição de atacante, onde a diferença entre a
pontuação de Messi em relação ao segundo colocado é a mais acentuada e por isso
o argentino teve que ser apartado de análises (é o que chamamos de outlier em
estatística, quando um dado numérico destoa significativamente dos demais).
Para quem
gosta de esportes e números, o livro é uma ótima pedida.
Boa
leitura
(*) Fernando
Chagas da Costa é funcionário do Banco do Brasil há mais de 30 anos e professor
universitário da área de exatas na Faculdade de Alagoas/FAL, vinculada a
Estácio de Sá.