Um novo mapa de danos e classificação de riscos divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil e Defesa
Civil de Maceió aponta que mais 2.500 famílias têm imóveis incluídos nas áreas
afetadas pela mineração da empresa Braskem e terão de se mudar. Segundo o
documento, ao todo 10.500 famílias estão ou estavam vivendo em áreas de risco,
o que significa cerca de 40 mil pessoas.
O novo mapa inclui agora casas dos bairros do Mutange e
Bebedouro, na capital alagoana. Até então, apenas o bairro do Pinheiro tinha tido
risco mapeado, com 2.000 famílias deslocadas de seus imóveis. O documento
também traz uma novidade: o risco de alagamento de áreas afetadas às margens da
lagoa Mundaú.
Por conta do problema no solo, a prefeitura decretou
calamidade pública em 26 de março. Antes, havia solicitado ajuda federal e
estadual no caso.
4.500 famílias realocadas
Em nota, a Defesa Civil de Maceió informou hoje essas 10.500
famílias "estão sendo afetadas pela instabilidade de solo dentro do Mapa
de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias. Destas, cerca de
4.500 têm recomendação de realocação", afirma.
O mapa traz também os locais exatos onde há risco de colapso
do solo, que são aqueles exatamente onde estão localizadas as minas desativadas
da Braskem. "Caracterizado por zona de dolinamento, ou seja, de
afundamento em formato circular, este Setor apresenta colapso e suas áreas são
passíveis de novas ocorrências nas minas de extração de sal", afirma a
prefeitura. Ainda segundo o órgão, a Defesa Civil trabalha agora na atualização
do Plano de Contingência, com ampliação da área de monitoramento.
"A prefeitura já solicitou a inclusão na ajuda
humanitária das famílias das áreas com maiores danos do Mutange e Bebedouro ao
Governo Federal. Os Governos Municipal, Estadual e Federal já iniciaram a
construção do Plano de Ações Integradas para Maceió, que apontará respostas
para as áreas afetadas", diz.
Entre as novas áreas de risco está o centro de treinamento e
sede do CSA, que este ano disputa a Série A do Campeonato Brasileiro. Parte dos
trilhos por qual passa o trem urbano também foi incluída no mapa. Há também no
local os dois hospitais psiquiátricos particulares de Maceió.
Mineração causou problema
Os problemas de rachaduras em ruas e prédios no bairro do
Pinheiro começaram a ser percebidos após um tremor de terra no início de 2018.
A partir dali, estudiosos começaram a analisar o que estaria causando o
problema.
Relatório apresentado em 21 de maio pelo Serviço Geológico
Brasileiro aponta que a mineração causou os problemas no solo que levaram ao
afundamento e a rachaduras de dezenas de imóveis e ruas em três bairros de
Maceió.
Segundo o documento, o problema foi causado pela extração da
salgema (misto de cloreto de sódio, de potássio e de magnésio) do subsolo,
feita pela empresa Braskem há mais de 40 anos na região. Ao todo, 35 poços
operaram nos bairros.
Após a divulgação do laudo, a Braskem suspendeu suas
atividades em Alagoas. Em nota, a empresa disse à época que analisaria os
resultados apresentados frente aos dados coletados por geólogos e especialistas
independentes.
"Desde o início do agravamento das rachaduras e
fissuras no bairro, em março de 2018, a Braskem vem colaborando com as
autoridades na identificação das causas e informando com transparência e
responsabilidade os estudos realizados por empresas de renome
internacional."
Preocupado com os problemas urbanos gerados, o Tribunal de
Justiça de Alagoas montou uma câmara de conciliação com empresa, poder público
executivo e proprietários para tentar chegar a acordos, evitando demandas
judiciais.
Hoje, as famílias já cadastradas e retiradas de casa recebem
um auxílio mensal de R$ 1.000 do governo federal para bancar um aluguel.
O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública para
que a Braskem adotasse as providências necessárias para a realização de todos
os estudos antes de qualquer fechamento de poço para evitar o agravamento das
condições do solo.
Já o MP estadual pede um bloqueio de R$ 6 bilhões da Braskem
a fim de cobrir eventuais danos e indenizações. Na mesma ação, a justiça já
proibiu que R$ 2,67 bilhões de lucro da empresa em 2018 fossem divididos entre
os acionistas da empresa.
Fonte: Portal Uol
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