Este ano, os pernambucanos foram beneficiados com mais um
dia no feriadão de Carnaval. Com o feriado estadual da Carta Magna, na
quarta-feira de Cinzas (06), as atividades nas repartições públicas, comércio e
bancos só serão retomadas na quinta (07).
O dia 6 de março é feriado pela segunda vez em Pernambuco
neste ano, após ter sido instituído em 2017, através da lei 16.059, de 08
de junho de 2017. Mais do que um dia em que repartições públicas fecham e
instituições de ensino não têm aula, a data magna estadual presta uma homenagem
à chamada Revolução Pernambucana, quando o estado se tornou uma república
independente do resto do Brasil colonial.
A revolta é também conhecida como Revolução dos Padres. Na
época, a maçonaria uniu forças com clero católico esclarecido. Ambos lutavam
pela liberdade de pensamento, pelos direitos de cidadania e por uma imprensa
livre. O estado independente durou cerca de 70 dias.
“Era um projeto de nação muito bem pensado, muito avançado
para a época. Era um país com liberdade de consciência, culto, imprensa, além
de uma preocupação muito grande com a transparência e legalidade das ações do
governo. Tudo isso ficou registrado no projeto de Lei Orgânica”, detalha
Cabral.
A República de Pernambuco, acredita o professor, deixa um
legado para os dias atuais. “As coisas que eram defendidas em 1817 ainda são
defendidas hoje. Eles lutavam contra o excesso de impostos, que é ainda uma
bandeira nossa. Tudo isso tem que ser valorizado. Se nós, pernambucanos, não
reconhecermos isso, como o resto do país vai?”, aponta.
Política
Apesar da curta existência, o estado independente chegou a
ter um embaixador, Cruz Cabugá – que atualmente dá nome a uma das principais
avenidas do Recife. “Uma vez, ouvi uma pessoa dizer que achava ter relação com
um lugar chamado Cabugá”, conta o historiador.
Cabral destaca o pioneirismo do ato. “Foi a primeira vez que
se enviou um representante diplomático para representar um estado independente
para Washington, Cruz Cabugá, como embaixador da República de Pernambuco. Ele
foi para os EUA com objetivo de conseguir o reconhecimento da nossa
independência e fazer acordos comerciais”, explica.
A repressão do governo português foi brutal, lembra Cabral.
“Em nenhuma outra parte a repressão foi tão forte. Só dos executados foram mais
de uma dezena na revolução pernambucana, fora os que morreram no combate”,
aponta.
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