O Grito do Povo e a Armadilha Política.

Por:
Coronel Marcos Campos de Albuquerque
Comandante do 4º BPM Caruaru(PE)

É de extrema importância assimilar o que vem das ruas, interpretar o momento histórico atual , respeitar a voz do povo, dialogar com a nação brasileira, limitar o abuso dos vândalos travestidos de povo e sobretudo não sermos seduzidos pela “arapuca” da convergência e conveniência da tão esperada reforma política. Não vou tecer comentários sobre a constitucionalidade ou não da constituinte específica, longe de mim, apenas vejo que não é o instrumento mais apropriado para o momento. Pois bem, alguns juristas e políticos entendem que o plebiscito seria a forma democrática de termos um extrato político ideal aos anseios do povo e reclames da nação, ledo engano. Neste sentido, vejo a grande armadilha se montando, pois uma série de perguntas prontas para consulta popular não resultaria em ganhos expressivos e tão pouco teríamos a maturidade política para decidir em pouco tempo o que originariamente é dever do Congresso Nacional, pois se não o fizeram até agora foi por pura omissão.  Delegar para nós de pouco conhecimento à tarefa de aprovar o voto distrital, financiamento público de campanha, dentre outras matérias pertinentes a reforma, é no mínimo estratégia de poucos para tirar o foco principal, a insatisfação e intolerância aos governantes atuais. O que precisamos urgentemente é de moralidade, honestidade, investimento público qualificado, notadamente nas áreas da saúde, educação, segurança, mobilidade urbana, transporte público de boa qualidade.... Enfim, precisamos de homens e mulheres com o espírito público dos saudosos Graciliano Ramos e Ruy Barbosa. Retomando nossa fala inicial, acredito que o refere dum seria o remédio constitucional mais indicado para tratar da matéria, pois teria o crivo do povo, na fase de discussão, do Congresso através da lei específica, e por fim, da sociedade com seu aval em forma de voto. Ordem e progresso.