Do:
Blog do Camarotti
G1
Um
clima de perplexidade tomou conta do mundo político em Brasília com a nova
etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Parlamentares da base aliada
estão preocupados com o que consideram um avanço rápido das investigações em
cima dos corruptores – os executivos de grandes empreiteiras.
No
Palácio do Planalto o ambiente é de preocupação. Apesar da ressalva de
assessores do governo de que pessoalmente a presidente Dilma Rousseff está
blindada, há o reconhecimento interno de que o aprofundamento das investigações
vai criar uma crise política sem precedentes, além de fragilizar a imagem da
Petrobras, a maior estatal do país.
Um
integrante do governo reconhece, porém, que apesar da blindagem de Dilma,
a gestão da estatal durante o período do governo Lula já está atingida.
Assessores mais próximos da presidente já defendem internamente que é preciso
fazer um discurso preventivo para mostrar que Dilma iniciou mudanças na
estatal, com demissão dos ex-diretores. E que, por isso, é preciso estabelecer
uma separação entre as administrações da Petrobras no período Lula e no período
Dilma.
Se
aliados estão em pânico, no PT a situação consegue ser pior, com a prisão do
ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ligado diretamente ao partido. Quando foi
nomeado para a Diretoria de Serviços da estatal, em 2004, o padrinho político
dele era conhecido por todos no Palácio do Planalto: o ex-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, que depois foi condenado no processo do mensalão.
O
dúvida no PT é sobre a capacidade de resistência de Duque dentro da prisão. No
partido, todos citam que a resistência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa foi enorme. Mas que fragilizado psicologicamente depois de meses de
prisão num regime rígido, acabou entregando todo mundo. O mesmo aconteceu com o
doleiro Alberto Youssef.
Advogados
de políticos estão sendo consultados pelos clientes desde que foi noticiada a
operação da PF no início da manhã desta sexta (14). Senadores e deputados de
partidos aliados foram surpreendidos com a prisão dos diretores e executivos
das empreiteiras fornecedoras da Petrobras. Muitos desses executivos têm
relação de proximidade com políticos já citados nas delações premiadas.
“Todo
mundo está querendo entender a extensão dessa investigação. Ninguém imaginava
uma operação dessa dimensão da Polícia Federal. Tudo está andando numa
velocidade muito maior do que foi no escândalo do mensalão. Muito em breve, a
operação vai atingir a classe política. Já é a maior crise política depois do
impeachment de Collor”, avaliou um senador da base aliada, para em seguida
completar: “E esse ambiente irá contaminar definitivamente o governo Dilma”.
Gerson
Camarotti é comentarista político da GloboNews e repórter especial do Jornal
das Dez. Pernambucano e torcedor do Náutico desde 1973. Jornalista formado pela
Unicap com pós-graduação em ciência política pela UnB, está em Brasília desde
1996, onde passou pelas sucursais das revistas "Veja" e
"Época", e pelos jornais "O Globo", "O Estado de
S.Paulo" e "Correio Braziliense".