SUICÍDIO EM BOM CONSELHO POR: CARLOS SENA
Para
se compreender a questão do suicídio, imprescindível se faz conhecer os estudos
universalmente aceitos de Emile Durkheim. Esse eminente sociólogo francês
chegou como poucos às questões gerais e específicas do suicídio. Por isso,
considerando os diversos casos de suicídio ocorridos ultimamente em na cidade
de Bom Conselho, em Pernambuco - minha terra, alinhavo alguns trechos dessa
teoria que poderão nortear outras compreensões.
Durkheim define o suicídio como "todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse resultado”. Como se vê, esse resultado previsto pela vítima é uma ruptura dos símbolos socialmente compartilhados, conforme já me referi em outro artigo.
Para
Durkheim há três tipos de suicídio:
Suicídio Egoísta:
é
aquele em que o ego individual se afirma demasiadamente face ao ego social, ou
seja, há uma individualização desmesurada. As relações entre os indivíduos e a
sociedade se afrouxam fazendo com que o indivíduo não veja mais sentido na
vida, não tenha mais razão para viver;
Suicídio Altruísta:
é
aquele no qual o indivíduo sente-se no dever de fazê-lo para se desembaraçar de
uma vida insuportável. É aquele em que o ego não o pertence, confunde-se com
outra coisa que se situa fora de si mesmo, isto é, em um dos grupos a que o
indivíduo pertence. Temos como exemplo os kamikazes japoneses, os muçulmanos
que colidiram com o World Trade Center em Nova Iorque, em 2001, etc.;
• Suicídio Anômico:
é
aquele que ocorre em uma situação de anomia social, ou seja, quando há ausência
de regras na sociedade, gerando o caos, fazendo com que a normalidade social
não seja mantida. Em uma situação de crise econômica, por exemplo, na qual há
uma completa desregulação das regras normais da sociedade, certos indivíduos
ficam em uma situação inferior a que ocupavam anteriormente. Assim, há uma
perda brusca de riquezas e poder, fazendo com que, por isso mesmo, os índices
desse tipo de suicídio aumentem. É importante ressaltar que as taxas de
suicídio altruísta são maiores em países ricos, pois os pobres conseguem lidar
melhor com as situações.
E complementa o sociólogo "e o que interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o processo social, dos fatores sociais que agem não sobre os indivíduos isolados, mas sobre o grupo, sobre o conjunto da sociedade".
E complementa o sociólogo "e o que interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o processo social, dos fatores sociais que agem não sobre os indivíduos isolados, mas sobre o grupo, sobre o conjunto da sociedade".
Assim, diante dessa teoria, resta aos interessados da minha terra fazer estudos - muito mais do que buscar alternativas particulares. O suicídio é social e sociológico. Talvez medidas de impacto não sirvam, porque muita coisa neste sentido está na falta dos valores sólidos da nossa sociedade. Pois só valores sólidos dão consistência interior que poderão levar os indivíduos a serem felizes. Ou, em não sendo, buscar alternativas de sê-lo, como por exemplo quebrando paradigmas e irrompendo com expectativas sociais de alto valor coercitivo, mas de pouco valor reativo para os indivíduos.
Essa breve contribuição requer que os interessados leiam e reflitam sobre a teoria do suicídio de Durkheim.