O
senador Armando Monteiro (PTB-PE) acusou, nesta segunda-feira (9), o ministro
da Saúde, Ricardo Barros, no plenário, de desafiar as decisões jurídicas
favoráveis à Hemobrás e de “estar solapando o posicionamento do próprio
governo” a quem serve. O petebista protestou contra as tentativas do ministro,
“recorrentes”, segundo ele, de inviabilizar o projeto da estatal em Pernambuco,
ao insistir em retirar dela a fabricação do fator recombinante, medicamento de
alta densidade tecnológica e elevado valor agregado essencial no tratamento da
hemofilia.
Armando
referiu-se a recente audiência do presidente Michel Temer à bancada federal de
Pernambuco em que ficou decidido que a fabricação do fator recombinante, que o
ministro quer transferir para o Paraná, permanecerá na Hemobrás. O senador
pernambucano lembrou que, em meados de agosto, por determinação do presidente
da República, Barros manteve reunião com os ministros pernambucanos Fernando
Filho (Minas e Energia), Bruno Araújo (Cidades) e Mendonça Filho (Educação), da
qual foi o único parlamentar a participar, em que a decisão foi anunciada por
nota oficial do Ministério.
De
acordo com Armando, a audiência pública, realizada em 25 de setembro, na qual o
Ministério da Saúde anuncia a licitação para a importação de 300 milhões de
unidades do fator recombinante fora da parceria da Hemobrás com o laboratório
Shire desrespeita medida liminar da Justiça Federal de Brasília. A decisão
judicial rejeitou pedido do Ministério para suspender a liminar em que foi
mantida a parceria da Hemobrás com o Shire na produção do fator recombinante,
que havia sido revogada por portaria de Barros.
Apoiado
por apartes dos senadores Cristovam Buarque (PPS-DF) e Jorge Viana (PT-AC),
Armando Monteiro lembrou também, além da decisão da Justiça de Brasília, que o
TCU (Tribunal de Contas da União) determinou a manutenção da parceria com o
Shire e que o ministério Público Federal de Pernambuco está ingressando com
ação civil pública para impedir a licitação da importação do fator recombinante
fora da parceria.
“Na
avaliação do Ministério Público, o Ministério da Saúde estaria criando uma
situação de emergência de forma artificial para evitar a compra por meio da
Hemobrás, que utilizaria seu parceiro internacional”, declarou Armando. Para o
senador petebista, tal medida, se confirmada, atenta contra a própria
sobrevivência da Hemobrás, porque o fornecimento do fator recombinante
adquirido do Shire até a estatal iniciar a produção em Goiana é sua única fonte
de geração de receita.
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