O PSB
do governador Eduardo Campos planeja uma nova ação política de impacto,
semelhante à da entrada no partido da ex-ministra Marina Silva e sua Rede
Sustentabilidade: a filiação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim
Barbosa. Relator do processo do mensalão e responsável por levar à prisão parte
da antiga cúpula do PT, Barbosa será convidado a disputar, pelo partido, a vaga
de senador pelo Rio de Janeiro. Pela legislação eleitoral, ele pode se filiar
ao partido até 5 de abril, seis meses antes da eleição.
De
acordo com integrantes do PSB, Eduardo Campos “tem loucura” para saber quais os
planos políticos do ministro Barbosa. Sem contato com o presidente do STF, e
tomando todos os cuidados para não fazer uma sondagem que pareça assédio
político, Campos escalou a ex-corregedora da Justiça Eliana Calmon, também
ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para fazer a
aproximação.
No
STF e no STJ é dada como certa a saída do presidente do STF. Mas ele quer,
primeiro, concluir o processo do mensalão, pois ainda há recursos a serem
julgados. O próprio Barbosa tem confidenciado que acha improvável que a ação
termine até o prazo para a desincompatibilização.
O
ministro, no entanto, tem dado esperanças ao PSB. Convidado a entrar no partido
no dia 19 de novembro pelo presidente da legenda no Rio, deputado Romário
Farias, ele não descartou a oferta. No último sábado, por intermédio da
assessoria do STF, divulgou nota segundo a qual não será candidato a presidente
da República.
Mas
não rejeitou outros cargos. Ele afirmou ainda que dificilmente ficará no
Supremo até seus 70 anos, idade da aposentadoria compulsória. Ele tem 59 anos.
Sabe-se que seus planos de sair têm relação com a posse do novo presidente da
Corte, Ricardo Lewandowski, que tomará posse em novembro. A relação entre os
dois são ruins. Diante desse quadro, Eduardo Campos vem insistindo para que
Eliana Calmon converse com Barbosa. Ela será candidata do PSB ao Senado pela
Bahia.
PLAYER
- Eliana Calmon confirmou que foi escalada por Campos para sondar Barbosa, mas
ainda não conseguiu conversar com o presidente do Supremo. Na primeira
investida, um assessor próximo do ministro descartou a possibilidade de ele
sair candidato, mas a ex-corregedora deve procurar Barbosa para um contato
direto após o carnaval.
A
amigos, o ministro teria dito que, depois do julgamento do mensalão,
considera-se um “player” no processo eleitoral deste ano.
Em
dezembro do ano passado o Estado ouviu os dirigentes dos 32 partidos filiados
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a possibilidade de oferecerem
legenda para Joaquim Barbosa. A metade lhe negou espaço, com as justificativas
mais diversas possíveis.
O
tucano Aécio Neves, que é candidato à Presidência da República disse que
Barbosa cumpre um importante papel no STF. “O ministro cumpre um papel como
presidente do STF que honra os brasileiros. Nosso respeito pelo ministro é tão
grande que nem sequer aventamos essa hipótese”, afirmou na época o senador e
presidente do PSDB.
Outros
partidos, como o PPS, que faz parte da aliança de Eduardo Campos, disseram que
não dariam a legenda a Barbosa. Da mesma forma agiram o PP, o PMDB e o PTB e
PCO. O PEN admitiu ceder legenda ao ministro.