Morreu neste 07 de dezembro de 2020, Jorge Cavalcante de Miranda (Jorge Miranda). Jorge chegou aos seus 93 anos, porém nos últimos anos foram sofríveis, pois, teve de ficar em casa, logo ele que vivia mais na rua que em casa.
Jorge gostava
de jogar baralho e também gostava de dar suas paqueradas, tocava violão e
cavaquinho.
Jorge tinha
suas amizades, porém era uma pessoa reservada. Porém, um bom amigo. Embora
fossemos de épocas diferentes Jorge tinha uma boa amizade comigo e eu também com
ele. Jorge não perdia a oportunidade de brincar comigo quando o Sport não ia
bem das pernas.
Tenho nos meus
livros algumas passagens com ele, vou aqui escrever uma delas.
A
TOPADA
Quase todos
bom-conselhense conhece Jorge Miranda. Foi, por muitos anos, fiscal de renda da
fazenda do estado. Sempre muito calado, mas muito observador; é o que chamamos
de come quieto. Quando fiscal, ficava até altas horas da madrugada na rua, e
com isso, era sabedor de muitas coisas que só acontecia na calada da noite, e
coisas que só depois de certos tempos é que iam estourar na cidade.
Jorge chamado
por Zé bias de imperador, devido ele andar sempre de cabeça erguida. Zé Bias
botava para quebrar quando ele passava para ir à casa de sua mãe, dona Julia, e
gritava: -“lá vai o imperador de merda” Aí todos caíam na gargalhada.
Jorge sempre
gostou de andar a pé. Gostava de assobiar e andar descontraidamente; andava
como quem não tinha nenhuma preocupação. Certa feita, ele entra no beco de Dr.
Raul e lá está, no meio do beco, uma caixa de papelão mais ou menos de uns 25
cm. Uma beleza. Ele imediatamente pensou no seu tempo de jogador de futebol.
Estava sozinho no beco: olhou para um lado, depois olhou para o outro e não viu
ninguém. Aí não teve dúvida: correu e lascou uma bicuda na caixa. Então se ouve
por toda redondeza um grande grito de dor. Prontamente aparece os curiosos, e
encontram Jorge se levantando com o dedo todo ensanguentado. Foi levado para o
hospital para ser feito os devidos tratamentos.
Dois dias
depois o encontro mancando, o dedo todo enfaixado, e lhe pergunto: - “o que
houve com o seu dedo? ” Ele conta que uns cabras safado, colocaram um paralelepípedo
dentro de uma caixa de papelão e que ele tinha dado um chute com toda força,
aquentei o que pude para não rir.
Esta crônica
foi tirada do meu livro “O DIA EM QUE BOM CONSELHO PAROU”. Vai aqui a minha
homenagem a mais um amigo que se vai.