O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, de
Brasília, acolheu o pedido do movimento Escola Sem Partido e suspendeu a regra
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que pode zerar a redação dos
candidatos que violarem os direitos humanos. A decisão foi tomada em caráter de
urgência e cabe recurso.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), responsável pela prova, informou que ainda não foi
notificado da decisão e, que caso isso ocorra, irá recorrer da decisão.
O desembargador federal Carlos Moreira Alves,
invocou dois fundamentos que, segundo ele, sustentam a
"ilegitimidade" desse item no edital do Enem. "Ofensa à garantia
constitucional de liberdade de manifestação de pensamento e opinião, também
vertente dos direitos humanos propriamente ditos; e ausência de um referencial
objetivo no edital dos certames, resultando na privação do direito de ingresso
em instituições de ensino superior de acordo com a capacidade intelectual
demonstrada, caso a opinião manifestada pelo participante venha a ser
considerada radical, não civilizada, preconceituosa, racista, desrespeitosa,
polêmica, intolerante ou politicamente incorreta".
Rômulo Nagib, advogado do Escola sem Partido, disse
que a ação foi movida em novembro do ano passado, com o objetivo de suspender a
regra para a edição de 2016 e as provas posteriores. Na ocasião, a ação foi
negada. O movimento ingressou com um agravo de instrumento que foi acatado
nesta quarta-feira, 25.
Cartilha. De acordo com a Cartilha do
Participante - Redação no Enem 2017, algumas ideias e ações serão sempre
avaliadas como contrárias aos direitos humanos, como: defesa de tortura,
mutilação, execução sumária e qualquer forma de "justiça com as próprias
mãos", isto é, sem a intervenção de instituições sociais devidamente
autorizadas.
Também ferem os direitos humanos, a incitação a
qualquer tipo de violência motivada por questões de raça, etnia, gênero, credo,
condição física, origem geográfica ou socioeconômica e a explicitação de
qualquer forma de discurso de ódio voltado contra grupos sociais específicos.
Segundo o Inep, apesar de a referência aos direitos humanos ocorrer apenas em
uma das cinco competências avaliadas, a menção ou a apologia a tais ideias, em
qualquer parte do texto, pode anular a prova.
Na edição de 2016, quando o tema da redação foi
"Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil", foram
anuladas as redações que incitaram ideias de violência ou de perseguição contra
seguidores de qualquer religião, filosofia, doutrina, seita, inclusive o
ateísmo ou quaisquer outras manifestações religiosas, além de ideias de
cerceamento da liberdade de ter ou adotar religião ou crença e que tenham
defendido a destruição de vidas, imagens, roupas e objetos ritualísticos.
De acordo com o Inep, a prova de redação do Enem
sempre exigiu que o participante respeite os direitos humanos, mas, desde 2013
o edital do exame tornou obrigatório o respeito ao tema, sob pena de a redação
receber nota zero.
A prova de redação, que será aplicada no dia 5 de
novembro, exige a produção de um texto em prosa, do tipo
dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural
ou política. O candidato deve apresentar uma proposta de solução para o
problema proposto, a chamada intervenção, respeitando os direitos humanos
Também deve ser apresentada uma referência textual sobre o tema.
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