A
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) criticou o uso de larvicidas
e nebulizações químicas, conhecidas como fumacê, no combate ao mosquito Aedes
aegypti. Por meio de nota, a entidade destacou que as medidas, utilizadas há
décadas no país, não têm alcançado efetividade no combate ao vetor e, portanto,
não diminuem a infestação, além de provocar sérios danos à população.
“Foi
decisão do Ministério da Saúde imputar a associação da epidemia de microcefalia
à infecção materno-fetal pelo vírus Zika, supostamente introduzido no Brasil em
2014, no Nordeste brasileiro. Diante da inusitada incidência, foi determinado o
estado de emergência em saúde pública de importância nacional, desencadeando a
intensificação do controle vetorial do Aedes aegypti, dentro da mesma
abordagem utilizada para a dengue e que, há cerca 40 anos, é realizada sem
efetividade para os objetivos pretendidos.”
A
Abrasco defende que, no lugar do uso do fumacê, sejam implementadas, por parte
do governo, ações de saneamento ambiental e fornecimento regular de água. O
quadro sanitário no qual emerge a epidemia de microcefalia, segundo a nota,
deve ser analisado considerando-se graves problemas que estão presentes na
realidade socioambiental em que ocorreram os casos e no modelo operacional de
controle vetorial.
“A
distribuição espacial por local de moradia das mães dos recém-nascidos com
microcefalia (ou suspeitos) é maior nas áreas mais pobres, com urbanização
precária e com saneamento ambiental inadequado, com provimento de água de forma
intermitente, fato que leva essas populações ao armazenamento domiciliar
inseguro de água, condição muito favorável para a reprodução do Aedes
aegypti, constituindo-se em criadouros que não deveriam existir e que são
passíveis de eliminação mecânica.”
Por
meio de nota, o Ministério da Saúde informou que o
processo de nebulização espacial é utilizado para combater o Aedes já
na fase adulta e que a melhor forma de controlar a infestação é não deixar o
mosquito nascer. “Após o nascimento, as operações de controle são mais
difíceis, custosas e com efetividade diminuída. Por isso, a aplicação da
nebulização espacial deve ser um incremento à inspeção mecânica de criadouros”,
esclareceu.
Ainda
segundo a pasta, a técnica de nebulização espacial utiliza inseticidas de Ultra
Baixo Volume, ou seja, um volume baixo de produto é suficiente para tratar
grandes áreas. Todos os inseticidas, larvicidas e adulticidas utilizados pelo
governo, conforme a nota, são autorizados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“A
técnica de nebulização espacial representa um risco bastante reduzido à
população geral, uma vez que a quantidade de produto utilizada é considerada
pequena. As atuais formulações utilizadas são à base de água, não havendo risco
de ser inflamável.”
Ao
final, o ministério ressaltou que a eficácia do fumacê depende da observância
de uma série de detalhes técnicos, como horário de aplicação (pouco antes e
pouco após o nascer ou o pôr do sol), regulagem do equipamento, controle de
qualidade do spray, velocidade do vento e capacitação técnica dos aplicadores,
entre outros.
“A
nebulização espacial é geralmente feita em áreas abertas, podendo ser aplicada
também no interior dos imóveis. Os moradores devem ser instruídos a abrir
portas de box dos banheiros, levantar lençóis e cobertas, proteger aquários,
gaiolas e alimentos. Os moradores devem ser instruídos a entrar após 20 a 30 minutos.
A medida visa a eliminar mosquitos que se alojam no interior dos imóveis.”
Fonte:
Agência Brasil (EBC)
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