De: Veja
Por: Reinaldo Azevedo
A candidata do PT está perplexa. Nem a maquiagem nem a marquetagem de João
Santana conseguem esconder. Quando alguém, na sua condição, também presidente
da República, usa o tempo para criticar a investigação e para acusar
perseguição — não nos esqueçamos de que a operação Lava Jato nasceu de uma
investigação da Polícia Federal —, eis, então, um sinal de que as coisas vão de
mal a pior.
Dilma se queixa de “vazamentos seletivos”. Infelizmente para
ela, os depoimentos que já começaram a causar um terremoto no mundo político —
e estamos só no começo — não pertencem àquela parte da investigação coberta
pelo sigilo de Justiça; não integram a fatia de depoimentos da chamada “delação
premiada”.
Não tendo o que dizer, Dilma diz, então, qualquer coisa e
pede que tudo seja divulgado, como se o “tudo” lhe pudesse ser benéfico. Ora,
não nos esqueçamos de que, segundo apurou a VEJA, a parte sigilosa dos
depoimentos atinge, por exemplo, o seu ministro das Minas e Energia, Edison
Lobão, além de algumas cabeças coroadas do PMDB.
Pois é… Paulo Roberto contou tudo. As diretorias eram
separadas em cotas partidárias. O PT tinha a de Serviços, a de Exploração e
Produção e a de Gás e Energia. O PP ficava com a de Abastecimento — que era a
do engenheiro —, e o PMDB, com a Internacional. Cada partido tinha o seu
operador para cuidar do serviço sujo.
Ele deu detalhes de como a coisa funcionava, por exemplo, na
de Serviços, que era comandada pelo petista Renato Duque: “A diretoria de
Serviços, através da comissão de licitação, ia no cadastro, escolhia as
empresas de acordo com a complexidade da obra, de acordo com valor da obra
aproximado, que já se tinha ideia etc., e separava as empresas. Então, quem
fazia tudo isso era a comissão de licitação interna da companhia, da Petrobras”.
Eis aí.
Que se note: em nenhum momento Paulo Roberto nega que ele
próprio cometesse também os crimes. Ao contrário: ele narra a história na
condição de um dos operadores. O que Dilma queria? Que os donos da Petrobras —
os brasileiros — fossem privados dessas informações? Por quê?
O PT nega tudo e tal, mas as provas do crime estão lá, com a
Polícia Federal, com o Ministério Público e com a Justiça. Na hora em que essa
história chegar, de fato, aos engravatados é que a terra vai tremer. NOTEM QUE,
ATÉ AGORA, NÃO SE SABE QUEM ERA O VERDADEIRO CHEFE DO ESQUEMA. Não se enganem:
numa engrenagem como essa, alguém dava a última palavra e harmonizava os
interesses. Quem???
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