Corrupção pauta último debate entre Dilma e Aécio na TV
O
debate na televisão entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), promovido
na noite desta sexta-feira pela TV Globo, seguiu o roteiro de tensão que marca
a reta final da campanha para a Presidência da República neste ano. Frente a
frente pela última vez antes das urnas, Aécio e Dilma apostaram nos mesmos
trunfos dos embates anteriores: o tucano confrontou a petista sobre a profusão
de escândalos no governo e frisou o retorno da inflação; a
petista explorou a crise de falta de água em São Paulo e buscou a
comparação entre as gestões do PT e do PSDB. Mas foi a corrupção, citada em
três dos quatro blocos, o tema que esquentou o debate.
Mais
de uma vez, a troca de farpas excedeu os microfones e acabou insuflando os
convidados dos dois candidatos, que reagiram com vaias e aplausos na
plateia. O formato de arena em dois dos quatro blocos, no
qual os candidatos puderam se movimentar livremente pelo palco, expôs o
nervosismo de Dilma, que já tinha de driblar
a tradicional dificuldade de traquejo – ela chegou a chamar um
eleitor de "candidato".
Aécio abriu o debate questionando a petista sobre a reportagem de capa de VEJA desta semana, na qual o doleiro Alberto Youssef, pivô de um mega-esquema de lavagem de dinheiro desvios de recursos da Petrobras para políticos e partidos, afirmou em depoimento à Polícia Federal que Dilma e o ex-presidente Lula sabiam das falcatruas. O tucano também abordou o terrorismo eleitoral propalado pelo PT nos rincões do país, segundo o qual programas sociais serão encerrados se ela não se reeleger. Sobre corrupção, Dilma atacou a reportagem e repetiu o discurso de que os escândalos só foram descobertos depois que o PT chegou ao poder porque eram engavetados nas gestões tucanas.
O
bloco inicial teve ainda embates sobre o investimento de 2 bilhões de
reais do governo brasileiro na construção de um porto em Cuba e a volta da
inflação. Além do choque de números, Dilma apostou em críticas às
administrações tucanas e chamou Aécio de "líder do presidente Fernando
Henrique Cardoso". O tucano devolveu: "Eu era líder do PSDB".
Fora do microfone, Dilma disse: "Não tem importância". Foi quando
Aécio cutucou: "Para quem não conhece o Congresso
Nacional...". A claque entrou em ação: gargalhadas, aplausos e
vaias.
No
segundo bloco, foi na pergunta do terceiro eleitor indeciso sorteado que o
clima ferveu. Tema: corrupção. Dilma respondeu dizendo que propõe um pacote de
medidas para endurecer a legislação contra quem comete crimes de caixa dois e
de colarinho branco. Na réplica, Aécio dirigiu-se à eleitora: "Vou
responder olhando nos seus olhos. Tem uma medida que não depende do Congresso
Nacional. Vamos tirar o PT do governo". Nova reação da plateia.
O
terceiro bloco voltou ao formato de confronto aberto entre os dois. O modelo
era outro, mas o tema que causou faíscas foi o mesmo. Aécio questionou Dilma:
"Qual a opinião da senhora, da cidadã Dilma sobre o mensalão?". A
petista cobrou dele explicações sobre o "mensalão mineiro" e citou
denúncias envolvendo administrações tucanas. Rodeou, mas não respondeu. Por sua
vez, Dilma tentou alfinetar o tucano com a crise hídrica em São Paulo,
afirmando que houve falta de planejamento do governo Geraldo Alckmin (PSDB):
"Não planejar no estado mais rico do país é uma vergonha".
No
bloco final, novamente destinado a perguntas de eleitores indecisos
selecionados pela emissora, o clima esfriou.
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