O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas). Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamado transtorno global do desenvolvimento (TGD), também conhecido como transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), do inglês pervasive developmental disorder (PDD). Entretanto, neste contexto, a tradução correta de "pervasive" é "abrangente" ou "global", e não "penetrante" ou "invasivo". Mais recentemente cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.
Algumas
crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas,
outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da linguagem. Alguns
parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos padrões de
comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são
designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos
sintomas do autismo. Atualmente já há a possibilidade de detectar a síndrome
antes dos dois anos de idade em muitos casos.
Certos
adultos com autismo são capazes de ter sucesso na carreira profissional. Porém,
os problemas de comunicação e socialização causam, frequentemente, dificuldades
em muitas áreas da vida. Adultos com autismo continuarão a precisar de
encorajamento e apoio moral na sua luta para uma vida independente. Pais de
autistas devem procurar programas para jovens adultos autistas bem antes dos
seus filhos terminarem a escola. [Dica]: Caso conheça outros pais de adultos
com autismo, pergunte sobre os serviços disponíveis.
O
autismo afeta, em média, uma em cada 88 crianças nascidas nos Estados
Unidos, segundo o CDC (sigla em inglês para Centro de Controlo e Prevenção
de Doenças), do governo daquele país, com números de 2008, divulgados em
março de 2012. No Brasil, porém, ainda não há estatísticas a respeito do
TEA . Em 2010, no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 2
de abril, a ONU declarou que, segundo especialistas, acredita-se que
a doença atinja cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, afetando a
maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. O aumento dos números
de prevalência de autismo levanta uma discussão importante sobre haver ou não
uma epidemia da síndrome no planeta, ainda em discussão pela comunidade
científica. No Brasil, foi realizado o primeiro estudo de epidemiologia de
autismo da América Latina, publicado em fevereiro de 2011—com dados de 2010,
liderado pelo psiquiatra da infância Marcos Tomanik Mercadante (1960-2011),
num projeto-piloto com amostragem na cidade paulista de Atibaia,
aferiu a prevalência de um caso de autismo para cada 368 crianças de 7 a 12
anos. Outros estudos estão em andamento no Brasil.
Um
dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu mundo
próprio, interagindo com o ambiente que criam; isto não é verdade. Se, por
exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras
crianças brincarem, não é porque ela necessariamente está desinteressada nessas brincadeiras ou
porque vive em seu mundo. Pode ser que essa criança simplesmente tenha
dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa, muitos
cientistas atribuem esta dificuldade à Cegueira Mental, uma compreensão
decorrente dos estudos sobre a Teoria da Mente.
Outro
mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente se pensa em
uma pessoa retardada ou que sabe poucas palavras (ou até mesmo que não sabe
alguma). Problemas na inteligência geral ou no desenvolvimento de linguagem, em
alguns casos, pode realmente estar presente, mas como dito acima nem todos são
assim. Às vezes é difícil definir se uma pessoa tem um déficit intelectivo se
ela nunca teve oportunidades de interagir com outras pessoas ou com o ambiente.
Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência acima da média.
A
ciência, pela primeira vez falou em cura do autismo em novembro de 2010, com a
descoberta de um grupo de cientistas nos EUA, liderado pelo pesquisador
brasileiro Alysson Muotri, na Universidade da Califórnia, que conseguiu
"curar" um neurônio "autista" em laboratório. O estudo, que
baseou-se na Síndrome de Rett (um tipo de autismo com maior
comprometimento e com comprovada causa genética), foi coordenado por mais dois
brasileiros, Cassiano Carromeu e Carol Marchetto e foi publicado na revista
científica Cell.
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