Crônicas de Bom Conselho por:Alexandre Tenório.
Originalmente ela iniciou suas atividades ao lado da igreja matriz. Era montada toda sexta-feira e tinha uma dimensão de aproximadamente 6x8mt, era coberta com uma lona locomotiva e ficava funcionando até o amanhecer do domingo, quando era
desmontada para na próxima sexta-feira ser montada de novo.
A sua proprietária era dona Terezinha Macário, senhora de cor morena escura, estatura baixa, cabelos
quase brancos envoltos por um lenço de cores vivas, sempre foi bem cheinha e tinha um problema crônico no joelho direito, sempre calma e de fala mansa ia
atendendo a todos com satisfação e galhardia, em pouco tempo a BARRACA DA FAVA tornou-se um referencial para os NOTÍVAGOS (PESSOAS QUE CURTEM A NOITE).
A BARRACA DA FAVA servia uma deliciosa FAVA acompanhada com arroz, salada de tomate e cebola que podia ser acompanhada por carne de boi ou porco assada na brasa, galinha de capoeira guisada, bode guisado, ou carne de boi guisada. Só tinha isto mesmo, porém o tempero de dona Terezinha Macário era muito bom, todos que frequentavam a BARRACA, se deliciavam com estas comidas.
A BARRACA DA FAVA era um lugar democrático, ali frequentavam bêbados, vagabundos, malandros,
professores, doutores, todos em uma completa harmonia. O mais importante é que dona Terezinha servia a todos, da mesma maneira, não tinha preferência por ter mais dinheiro ou título, para ela, eram todos fregueses.
Devido o grande movimento, a barraca foi impedida de funcionar naquele local, pois estava
atrapalhando o funcionamento tanto do fórum, como da igreja. Quando a barraca era desmontada ficava muita sujeira e principalmente o fedor de mijo, pois como na barraca não tinha banheiro, o pessoal mijava na calçada da igreja.
A barraca foi transferida para o lado do mercado de carne, onde hoje existe uma feirinha e no dia de sábado a feira da troca.
Ao se transferir para este local, a proprietária achou por bem ficar permanentemente com a barraca
armada. Montou uma estrutura de lona e cimento, um banheiro improvisado, que só homem podia usar, e aumentou o tamanho da barraca, ficando algo em torno de 6x10 metros. A transferência para este local não fez bem a barraca. Pois como passou a ser aberta permanentemente 24 horas por dia, 7 dias da semana, 30 dias do mês, passou a atrair tudo quanto era de bêbados e vagabundos, e aquilo que era uma coisa romântica para os notívagos, passou a ser um lugar perigoso, não havia um dia que não houvesse confusão, então as pessoas da sociedade deixaram
de frequentar a barraca.
Depois de muita confusão e briga, aconteceu um assassinato na barraca, isto foi a gota d’água
para o seu fechamento, que se deu no governo de Audálio Ferreira. Uma coisa que também influenciou o seu fechamento foi o monstrengo que era esta barraca, formada por uma lona locomotiva velha e sem nenhuma estrutura urbanística.
A comida servida na barraca da fava, jamais será esquecida por aqueles que um dia provaram.
Parabéns Alexandre, por mais um resgate, da nossa história. Vá em frente, restaurando essas memórias.Desta feita você nos remete a um passado recente e romântico. Vale a pena, sempre.
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