No Natal de 2013,
a Lua, coitada, perderá parte de sua majestade. Sua
imagem poderá ser ofuscada pelo brilho de um novo rival, talvez o cometa mais
brilhante já avistado pela civilização. Foi descoberto em 2012 por astrônomos
russos do observatório ISON, no Cáucaso. E acabou batizado com o mesmo nome. O
ISON ainda está longe, além da órbita de Júpiter, mas a partir de outubro
poderá ser visto a olho nu. Em 26 de dezembro, atingirá sua maior aproximação
da Terra, 63 milhões de quilômetros, um terço da distância daqui ao Sol. Será
um evento único. Quem perdê-lo terá de aguardar 10 mil anos até a próxima
visita. “Este cometa pode vir a ser tão brilhante quanto a lua cheia”, diz o
astrofísico Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos. Na escala
astronômica de brilho, quanto menor é a magnitude, maior é o brilho. A lua
cheia tem magnitude -12,7. O ISON poderá atingir magnitude -13 ou inferior. O
cometa mais brilhante do século XX foi o Ikeya-Seki, de 1965, de magnitude -10.
Cometas são compostos do material que sobrou da formação do Sistema Solar, há
4,6 bilhões de anos. Quando eles se aproximam do Sol, o gelo derrete para
formar longas cabeleiras – a cauda. O brilho atual do ISON decorre de seu gelo,
que é livre de impurezas e, portanto, reflete bem a luz solar. Mas brilho
presente não é garantia de brilho futuro. Se o gelo da superfície, ao derreter
perto do Sol, revelar camadas inferiores de gelo mais escuro, o brilho será
menor. “É comum os astrônomos esperarem brilho intenso, e isso não acontecer”,
diz Rojas. As projeções mais otimistas mostram que o ISON poderá adquirir uma
cabeleira que se espalhe por metade do firmamento.
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