A vaidade é uma brecha moral que infelicita bastante a
humanidade.
A luta por posições de realce
ocupa muito tempo das criaturas. Mesmo quem não tem vocação para encargos
elevados, freqüentemente os procura. E não o faz por espírito de serviço, mas
para aparecer. Valoriza-se muito a vitória aparente no mundo, mesmo quando
conquistada à custa da própria paz.
Mas será que isso compensa? Não
valerá mais a pena viver humildemente, mas com dignidade? Ocupar postos de destaque traz grande
responsabilidade.
Para quem não está preparado, a
derrocada moral pode ser grande. Satisfazer a vaidade é um grande perigo. A
tentação de evidenciar a própria grandeza pode fazer um homem cair no ridículo.
Há pouca coisa mais lamentável do que alguém despreparado desempenhando um
grande papel ?
A ausência de discernimento pode
levar a ver virtudes onde elas não existem. A aceitar conselhos de quem não
merece confiança. A tomar decisões sob falsas perspectivas. A vaidade
manifesta-se sob muitas formas. Está presente na vontade de dizer sempre a
última palavra. Por relevante que seja o argumento do outro, o vaidoso não
consegue dar-lhe o devido valor. Imagina que, se o fizer, diminuirá seu próprio
brilho.
O vaidoso tem dificuldade em admitir
quando erra, mesmo sendo isso evidente. Ele não consegue perceber a grandeza
que existe em admitir um equívoco. Que é mais louvável retificar o próprio
caminho do que persistir no erro.
A vaidade também dificulta o
processo de perdoar. O vaidoso considera muito importante a própria
personalidade. Por conta disso, todas as ofensas que lhe são dirigidas são
gravíssimas. Já os prejuízos que causa aos outros são sempre pequenos. Afinal,
considera o próximo invariavelmente mais insignificante do que ele próprio.
A criatura acometida de vaidade
dá-se uma importância desmedida. Imagina que os outros gastam horas refletindo
sobre seus feitos. Por conta disso, sente-se compelida a parecer cada vez mais
evidente.
Como todo vício moral, a vaidade
impede uma apreciação precisa da realidade. Quem porta esse defeito não percebe
que apenas se complica, ao cultivá-o. Que seria muito mais feliz ao viver com
simplicidade.
Que ninguém se preocupa muito com
sua pessoa e com sua pretensa importância. Que, ao tentar brilhar cada vez
mais, freqüentemente cai no ridículo e se torna alvo de chacota.
Analise seu caráter e reflita se
você não possui excesso de vaidade.
Fonte: Paulo Coelho.
´É como disse Mark Twain: "Não há graus de vaidade, apenas graus de habilidade em disfarçá-la."
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