Uso intenso dos produtos pode provocar ingestão acima do recomendado de metais como alumínio, manganês e cromo
Uma pesquisa realizada na
Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, analisou 32 batons
e brilhos labiais (gloss) comumente encontrados no país e descobriu que a maior
parte deles contém metais que podem ser tóxicos à saúde, como chumbo, cádmio,
cromo e alumínio. O estudo foi publicado na última quinta-feira no periódico Environmental Health Perspectives.
Os cosméticos labiais foram
escolhidos para a análise porque apresentam maiores chances de serem ingeridos
durante o uso. Os pesquisadores utilizaram a concentração desses metais nos
cosméticos para estimar a quantidade que seria ingerida durante a utilização,
de acordo com dois padrões de uso: normal e intenso.
Estima-se que o uso médio provoca a
ingestão de 24 miligramas diárias desses produtos. No entanto, as mulheres que
os reaplicam muitas vezes ao longo do dia podem consumir até 87 miligramas do
produto por dia, caracterizando um uso intenso.
De acordo com Katharine Hammond, autora do
estudo, os níveis desses metais nos cosméticos labiais frequentemente
ultrapassam as doses diárias de ingestão aceitas pelas normas de saúde pública.
Os nomes das marcas testadas não foram revelados na pesquisa, mas Katharine
afirma que os resultados podem ser aplicados de forma genérica para todas as
marcas. Foram testados oito batons e 24 glosses de sete
empresas diferentes, que custam de 5,59 até 20 dólares.
Ingestão
excessiva – A pesquisa mostra que 24 dos 32 produtos apresentavam
chumbo, mas em concentração pequena, de modo que tanto o uso normal quanto o
intenso não provocou uma ingestão diária do metal acima do recomendado. Para
Katharine, essas concentrações não representam um problema, mas a maior
preocupação é em relação a crianças que brincam com maquiagens e adultos que
fazem uso muito intenso desses produtos.
Levando-se em consideração um uso médio, a
ingestão diária de cromo, metal relacionado a tumores no estômago, excedeu os
limites de ingestão diária em 10 dos produtos analisados. Manganês, titânio e
alumínio foram encontrados em todos os produtos testados, sendo que titânio e
alumínio tiveram as concentrações mais elevadas.
Para o uso intenso, a quantidade de
produtos que excedeu o consumo diário recomendado do alumínio foi de 3%. Além
disso, 22% dos produtos geraram uma exposição elevada ao manganês e 68%, ao
cromo.
Regulamentação – O Food and Drug Administration (FDA),
agência sanitária dos Estados Unidos, não exige que os cosméticos sejam
pré-aprovados antes da comercialização, mas regula algumas substâncias
presentes nos cosméticos, como os corantes.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) divide produtos de higiene e cosméticos em duas categorias.
Os produtos classificados como grau I, caso dos batons e brilhos labiais, não
precisam de uma aprovação prévia da agência. As empresas devem apenas notificar
a Anvisa sobre a comercialização do produto. Já o grau dois, que precisa de
registro, corresponde a produtos com indicações específicas, como bloqueadores
solares ou batons infantis.
Existe, ainda, a regulamentação de corantes
e conservantes presentes nos cosméticos. A concentração máxima de chumbo
permitida, por exemplo, é de 20 partes por milhão (ppm). Já o cromo e o cádmio,
por exemplo, não são permitidos, de acordo com as normas da Anvisa.
O estudo não encontrou relação entre as
cores dos cosméticos e a quantidade de metais presentes, assim como não houve
diferença entre gloss e batom. Para os autores, é preciso que as autoridades
criem normais mais detalhadas sobre os níveis de metais em cosméticos.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Concentrations
and Potential Health Risks of Metals in Lip Products
Onde foi divulgada: periódico Cell Reports
Quem fez: Sa
Liu, S. Katharine Hammond e Ann Rojas-Cheatham
Instituição: Universidade
da Califórnia em Berkeley, EUA
Dados de amostragem: 8
batons e 24 brilhos labiais vendidos nos EUA
Resultado: 24
dos 32 produtos apresentavam chumbo, mas em concentração pequena, de modo que
tanto o uso normal quanto o intenso não provocou uma ingestão diária do metal
acima do recomendado. Para o uso intenso, a quantidade de produtos que excedeu
o consumo diário recomendado do alumínio foi de 3%. Além disso, 22% dos
produtos geraram uma exposição elevada ao manganês e 68%, ao cromo.