Uma palavra sobre as manifestações dos últimos dias.
Não quero
aqui me apresentar como juiz ou como um desses apresentadores de telejornais
que adoram taxar juízos sobre os acontecimentos a partir do que eles acham o
que é certo ou errado. Quero apenas convidá-los para uma reflexão clara e
sincera a respeito dos últimos acontecimentos que vem mudando a rotina do nosso
País nestes dias. Primeiro a afirmação de todos é que em um País democrático o povo
tem direito a livre manifestação. Nisto estamos todos de acordo. Também estamos
de acordo que estas manifestações devem acontecer de forma ordenada e sem danos
ao patrimônio, quer seja publico ou privado. Pelo que entendi, o estopim das
manifestações se deu pelo aumento dos preços de passagens urbanas. Mais logo
foi acrescentando a esta pauta outros temas que merecem a atenção da sociedade
brasileira: situação da saúde pública, aumento da violência, crescimento
desenfreado da corrupção, altos investimentos em estruturas de uso secundários
com preços superfaturados, além de temas por áreas, como reforma da previdência,
situação dos profissionais da saúde e da educação. Como vemos, o leque cresceu
bastante. Resta-nos agora uma pergunta: como organizar a sociedade brasileira
para que esses temas não caiam no esquecimento após o término das passeatas?
Sim, porque ninguém irá realizar passeatas pra sempre. Afinal, precisamos
cuidar da vida. O que fazer para que estas pautas continuem na ‘ordem do dia’
da sociedade? Eis o grande entrave! Corremos o risco, caros amigos, de tudo ser
esquecido uma vez que os preços das passagens começam a baixar em várias
cidades. E agora? Onde e quem irá reclamar os outros temas? Os jovens que
lotaram as ruas nos últimos dias? Aqueles baderneiros que depredaram prédios
públicos e privados? Ou será que cada classe irá tentar reivindicar sua fatia?
Os meios de comunicação deram ampla cobertura aos eventos. Isso colaborou para
que o entusiasmo atingisse o País inteiro. A internet serviu como local de
comunicação e de convocação para as passeatas. Agora, estes meios irão
continuar discutindo as outras pautas ou cessarão o assunto uma vez que as
passagens caíram de preço?
Olhando para esses acontecimentos
poderemos tirar várias lições:
1.
O povo parece não saber a força que tem;
2.
A classe política nem sempre consegue compreender os anseios
do povo, pois os discursos no Congresso Nacional não passaram de defesas ou
ataques a seus próprios interesses;
3.
Em um País tão grande
como o nosso não é fácil discutir uma agenda nacional onde todos os temas sejam
contemplados;
4.
As escolas deveriam ser as bases para as discursões de temas
que fazem parte do todo da sociedade.
Desejamos que o resultado não seja
somente a queda dos preços das passagens. Os jovens que hoje à tarde saírão nas
ruas de Bom Conselho sejam mais que caminhantes de passeatas. Sejam cidadãos
responsáveis pelo futuro desta cidade. Também em nossa cidade existem temas que
precisam de reflexão. Poderíamos dizer que estamos com o nosso presente e
futuro em nossas mãos? Acredito que sim! Precisamos agora refletir bem sobre
este presente para acertarmos mais no futuro. Vamos às ruas, Deus estará
conosco.
Pe. Marcelo Protazio.
A Redação do blog "O Argonauta", gostaria de agradecer ao Padre Marcelo Protazio, pároco da Paróquia de Jesus, Maria e José de Bom Conselho, pela atenção em atender-nos, enviando a sua reflexão para os acontecimentos que têm ocorrido em nosso país.
Subscreve
Emmanuel Leonel
Editor.
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