De
Veja.
Às voltas com uma crise na Petrobras e índices de aprovação
do governo em queda livre, a presidente Dilma Rousseff continua sofrendo abalos
em sua candidatura à reeleição. Nesta segunda-feira, a liderança do PR na
Câmara divulgou um manifesto defendendo a volta do ex-presidente Luiz
Inácio da Silva, batizado por setores do PT de "Volta, Lula".
"A era Lula levou a dinâmica do crescimento econômico
que garantia renda mínima onde antes dominava a fome”, diz a nota assinada por
20 dos 32 integrantes da bancada. "O país precisa do reencontro
com os princípios daquela aliança de 2002”, continuao texto.“Entendemos que o
momento de crise, dentro e fora do país, reivindica a força de uma liderança
política com a experiência e o brilho de Luiz Inácio Lula da Silva no comando
da nação brasileira novamente.”
A insatisfação do PR com Dilma não é novidade. A sigla já
chegou a abandonar a base quando foi defenestrada do comando do Ministério dos
Transportes por corrupção – e só voltou a dar seus votos a favor do governo
quando retomou o controle da pasta. Mais: a manifestação do PR a favor da
candidatura de Lula ocorre após a descabida
tentativa do petista de desqualificar o julgamento do mensalão,
escândalo que teve a participação da antiga direção do PR – a legenda
apoia o PT em eleições desde 2002.
“Nós somos parceiros e não estamos rompendo com o governo.
Mas esse é um momento de buscar a conciliação nacional e não depõe em nada
contra a presidente, que governou muito bem. É um momento de crise que exige
atitudes mais extremas”, disse Bernardo Santana, líder da sigla, que fez
questão de pendurar uma foto de Lula no gabinete da liderança na Câmara
dos Deputados.
Reportagem de VEJA desta semana mostrou que a presidente Dilma Rousseff enfrenta um momento inédito de fragilidade. Além de ter problemas na economia, como o crescimento baixo, a inflação persistente e o desmantelamento do setor elétrico, ela perdeu apoio popular e força para barrar, no Congresso, iniciativas capazes de desgastá-la. A aprovação ao governo caiu a um nível que, segundo os especialistas, ameaça a reeleição. Partidos aliados suspenderam as negociações para apoiá-la na corrida eleitoral. Já os oposicionistas conseguiram na Justiça o direito de instalar uma CPI para investigar exclusivamente a Petrobras. Acuada, Dilma precisa mais do que nunca da ajuda do PT, mas essa ajuda lhe é negada. Aproveitando-se da conjuntura desfavorável à mandatária, poderosas alas petistas pregam a candidatura de Lula ao Planalto e conspiram contra a presidente. O objetivo é claro: retomar poderes e orçamentos que foram retirados delas pela própria Dilma. A seis meses da eleição, o PT está rachado entre lulistas e dilmistas — e, para os companheiros mais pragmáticos, essa divisão, e não os rivais Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), representa a maior ameaça ao projeto de poder do partido.
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