Por Fernando Chagas da Costa (*)
A obra aqui registrada hoje é de leitura recentíssima. Acabei de lê-la
ontem.
O autor, Jess Walter, que também é jornalista, é americano e já
escreveu seis romances, sendo “Ruínas do Tempo” o mais recente, cuja crítica
foi muito positiva, tornando-se best seller em pouco tempo.
A história, embora de ficção, introduz personagens da vida real,
conhecidíssimo de todos, principalmente dos amantes de cinema, como Elizabeth
Taylor e Richard Burton. Os demais personagens comuns são também fascinantes.
A construção da história é belíssima e narrada com cronologia não linear,
alternando entre passado e presente, a cada capítulo.
A narrativa começa com a chegada, na década de 60, de uma artista de
cinema a um minúsculo vilarejo da Itália, chamado de Porto Vergogna, com um
diagnóstico trágico (e que posteriormente irá mudar, dando uma reviravolta na
situação) para hospedar-se no único hotel dali, administrado por Pasquale
Tursi, um jovem humilde e sonhador, que vive no mesmo com sua mãe e a tia e,
esporadicamente, um hóspede americano, que aparece anualmente.
O pouco tempo da estadia de Dee Moray (a atriz americana) no vilarejo
é suficiente para a construção de tudo que virá depois, desencadeando uma paixão
eterna de Pasquale e construindo o vínculo com todos os demais personagens (entre
eles, Richard Burton, com sua crônica bebedeira e brigas olímpicas com
Elizabeth Taylor; Alvis Bender, o escritor americano hóspede do hotel e suas
memórias da guerra; Michael Deane, um diretor de cinema que luta para não
envelhecer; Pat Bender, filho de Debra Moore – que você saberá quem é ao longo
da história, entre outros) que fazem parte do romance. Angústias, vícios, sonhos e, principalmente,
imperfeições de cada um estarão expostos ao longo da narrativa, escrita com
grande beleza por Jess Walter.
O principal fio condutor da obra é o Amor, que foi capaz de ligar 50
anos de separação física.
Gostaria de citar vários trechos da história, mas a crônica ficaria
muito extensa, pois reli muitas delas, por serem tão bonitas, críveis e bem
escritas. Assim, selecionei apenas uma delas, registrada na página 304 (no
Capítulo 18), onde o autor escreve: ”...nós sabemos o que existe lá fora. O que
não está é o que realmente nos impulsiona. A tecnologia pode ter encolhido a
jornada épica e a transformado em duas viagens de carro e alguns trechos de
companhias aéreas regionais – mas as verdadeiras jornadas não são medidas em
tempo ou distância, mas em esperança.”
Foi a eterna esperança que manteve viva Dee Moray para Pasquale Tursi
e o levou cinco décadas depois a exteriorizar o que manteve guardado por toda
uma vida.
Boa e fascinante Leitura.
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