DICA DE LEITURA: “O SANTO E A PORCA”Por Fernando Chagas da Costa (*)
Já se vão mais de cinco décadas que Ariano Suassuna escreveu a peça teatral “O Santo e a Porca”, montada em três atos, que tem como tema central
a avareza explícita de Euricão Árabe (também conhecido por Euricão Engole-Cobra),
devoto de Santo Antônio (que ora agradece, ora critica o santo) e que tem em sua casa uma porca (o nosso
conhecido cofrinho) recheada de dinheiro que ele guardou e da qual ele tem como
o principal bem de sua vida.
Os outros personagens que compõem a peça são Caroba (empregada
da casa e que em suas astúcias lembra-nos, de imediato, de João Grilo, outra
inesquecível criação de Ariano, em “O
Auto da Compadecida”), Margarida (filha de Euricão), Dodó (filho do rico
fazendeiro Eudoro, mas que se disfarça como um coitado empregado de Euricão, para
namorar às encondidas com Margarida), Benona, irmã de Euricão e antiga paixão
de Eudoro, Pinhão, noivo de Caroba e empregado do fazendeiro Eudoro.
A história começa quando Pinhão traz um recado, através de
carta, de Eudoro a Euricão, dizendo-lhe que o rico fazendeiro faria uma visita
para pedir-lhe seu bem mais precioso. Imediatamente, o avarento Euricão associa
logo a empréstimo/dinheiro e pensa que Eudoro viria em busca da porca.
Caroba, dotada de uma esperteza fantástica, percebe que a
visita tem como intenção, na verdade, é para pedir Margarida em casamento (pois
o fazendeiro apaixonou-se pela moça, durante uns dias que ela passou em sua
casa). Articula, então, um plano mirabolante que envolve todos os personagens, tendo
como propósito juntar novamente Benona e Eudoro, casar Margarida com Dodó (romance
que nenhum dos pais têm conhecimento) e que ela e Pinhão também saiam ganhando
bem da situação. E assim o coloca em ação.
Ao final, após tanta confusão para concretizar o plano,
correndo riscos de fracassar, Caroba vê que seus propósitos obtiveram êxito. Euricão, ao contrário, finda com uma grande decepção.
Ariano registrou que a peça é uma “imitação nordestina” da
peça cômica Aulularia, que também é
conhecida como a Comédia da Panela (ou
da Marmita, como alguns traduzem),
do escritor romano Plauto, na qual
um homem avarento guarda uma panela (marmita) cheia de ouro.
Boa e hilariante Leitura.
(*) Fernando Chagas da Costa é funcionário do
Banco do Brasil há mais de 30 anos e professor universitário da área de exatas
na Faculdade de Alagoas/FAL, vinculada a Estácio de Sá.
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