terça-feira, 31 de julho de 2018

Coluna Tribuna Livre: Assim Morreu Lampião.


TRIBUNA LIVREASSIM MORREU LAMPIÃOJosé Roberto Pereira




Um dos principais coiteiros de Lampião foi o Coronel Antônio Caixeiro da Fazenda Borda da Mata, interior Sergipano, e pai do Interventor deste estado o Capitão, médico do exército, o Dr. Eronildes de Carvalho. Não só o Coronel Antônio Caixeiro, como o Coronel Zezé Abílio de Bom Conselho, o Coronel José Pereira da cidade de Princesa na Paraíba e outros coronéis eram quem proviam munição e armas para o bando. Lampião estava desaparecido e muitos afirmavam que ele houvera morrido.

De repente, em 17 de abril de 1938 quando atravessa o Velho Chico em canoas, emparelhou com uma barca que ia com músicos,a “Jazz-Band” da cidade de Pão de Açúcar.Músicas nervosas e Lampião os tranquilizou solicitando uma apresentação em pleno São Francisco. Três meses e onze dias após este encontro, Lampião com sua gente foi para o Grotão do Angico localizado no município de Porto da Folha em Sergipe.Fazia 17 anos que o então Tenente João Bezerra,pernambucano, servindo a polícia Alagoana, procurava Lampião como se procura uma agulha no palheiro.A volante de João Bezerra fazia parte do Segundo Batalhão da Polícia Alagoana com sede em Santana do Ipanema-AL sob o comando do Tenente-Coronel José Lucena de Albuquerque.

Era a noite de 27 para 28 de julho de 1938. Chovia muito e João Bezerra, com sua tropa atravessou o Rio São Francisco saindo de Piranhas-Al.No lado sergipano, João Bezerra apertou um coiteiro, e soube exatamente onde Lampião estava escondido no Grotão do Angico.

O tenente recebera um telegrama informando: “venhaurgente, boi no pasto”.Era um telegrama em código informando que Lampião estava na área.Após apertar um coiteiro, que estava na feira de Piranhas-AL comprando grande quantidade de mantimentos, João Bezerra descobriu o local do esconderijo do Capitão Virgulino, e montou sua estratégia.

O aspirante Ferreira de Melo com quinzehomens e uma metralhadora belga de vinte tiros que Lampião chamava de “costureira”, entrou pelo centro do riacho.O Cabo Antônio Bertoldo da Silva, com oito homens, avançaria da esquerda do João Bezerra e o próprio Tenente fecharia o cerco com o Cabo Justino armado com uma metralhadora Hotchkiss de trinta tiros.
O tenente João Bezerra pediu para aguardar a sua ordem de ataque, ordem não cumprida por um soldado do aspirante Ferreira.

Na fuzilaria morreram: Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro, Desconhecido, Cajarana, Diferente, Mergulhão, Elétrico, Caixa de Fósforo, Quinta-feira e Enedina. Cabeças cortadas, colocadas com formol em latas de querosene. Falou João Bezerra em seu livro de memórias: “É sempre melhor apagar uma lamparina do que apagar um Lampião”.

       Estas cabeças que estavam expostas no museu Nina Rodrigues, em Salvador, foram sepultadas por ordem judicial atendendo uma solicitação da família na década de sessenta.

O resto é história, são lendas.

Lampião, nem mito, nem bandido, nem herói, apenas um brasileiro.

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