sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Dirigentes da Associação de Cabos e Soldados são presos durante assembleia.



O presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco, Alberisson Carlos, e o vice-presidente da entidade sindical, Nadelson Leite, foram presos, na tarde desta sexta-feira, durante assembleia da categoria para deliberar sobre uma possível greve. Durante a fala inicial das lideranças, uma oficial de justiça entregou a intimação aos sindicalistas. Militares da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe), fardados, efetuaram a prisão administrativa em flagrante.

Antes de ser preso, o presidente da Associação adiantou que não abandonará seus ideiais. "Podem prender meu corpo, mas minha mente continuará livre", desabafou. Ainda ao microfone, o sindicalista pediu calma para a categoria. "Eu estou sendo preso, mas não pode haver indisciplina. Não podemos deixar que isso transforme tudo em confusão", declarou. Como forma de protesto, os policiais militares pretendem fazer uma caminhada até a sede do Governo de Pernambuco, no Palácio Campo das Princesas, nesta tarde. O clima entre os servidores é de greve iminente.

Alberisson Carlos e Nadelson Leite foram conduzidos ao Quartel do Derby acompanhados do advogado da Associação de Cabos e Soldados e do deputado estadual Joel da Harpa. Com a ausência das lideranças, outros policiais debatem a respeito dos rumos da negociação da pauta de reivindicações e também sobre a soltura dos dirigentes sindicais na Praça do Derby.

PROIBIÇÃO JUDICIAL DE REALIZAÇÃO DE ASSEMBLEIAS


O Tribunal de Justiça de Pernambuco proibiu as associações militares do estado de realizar assembleias para deliberar sobre greves na noite da última quarta. O desembargador José Fernandes Lemos determinou que as quatro entidades que representam os policiais militares "se abstenham de realizar reunião, assembleia ou qualquer evento que tenha por objetivo reunir ou patrocinar a deflagração de greve de militares estaduais ou qualquer outro movimento que comprometa a prestação do serviço de segurança pública". O não cumprimento da decisão seria punido com multa de R$ 100 mil, além de outras sanções decorrentes de desobediência a ordem judicial. O pedido de liminar foi solicitado pela Procuradoria Geral do Estado.

No documento, o desembargador justificou a decisão alegando que a Constituição Federal veda a sindicalização e a greve por parte dos militares. Devido à citação e considerando as evidências do intuito de deflagração de greve por parte da categoria, que está em operação padrão, e ia deliberar sobre os rumos da negociação nes a liminar foi expedida ainda na noite dessa quarta. O magistrado ainda salientou que a paralisação dos serviços por parte de policiais militares, a incitação a isso ou a realização de reuniões com essa finalidade configuram diversos crimes militares.

Ainda nessa quinta, ao saber da decisão, Alberisson Carlos adiantou que ia manter a assembleia, marcada para as 14h desta sexta, na Praça do Derby. "Ninguém pode nos tirar o direito de fazer reunião. É um direito garantido pelo artigo 5° da Constituição", destacou. De acordo com Alberisson Carlos, cerca de 80% dos policiais militares estão cumprindo operação padrão desde a última quarta-feira e 95% dos efetivo não está nos plantões extras, os chamados PJES.

O documento foi expedido em atenção à Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados Policiais e Bombeiros Militares (ACS), à Associação de Praças dos Policiais e Bombeiros Militares de Pernambuco (Aspra-PE), à Associação de Bombeiros Militares de Pernambuco (ABM-PE) e à Associação dos Militares Estaduais (AME).

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