sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Morte - Domingos Montagner (54 anos) “ O Santo” do Velho Chico.



A morte, ah a morte! Que bom que fosse um trote, mas parece que há um trato na sua trajetória. Oratória em tom baixinho, oh morte por que invades nosso caminho?

Na parede não há relógio da sorte, nem ponteiros exatos que nos digam dessa tal de morte. Na incerteza dela a gente caminha e claudica. Claudica e caminha como se eterna a vida fosse, mas em vão. Igual filosofia dos sexos dos anjos, a morte parece um arcanjo que nos invade os sonhos e nos tira da realidade concreta abrupta e ferozmente. 

Morte. Consorte do existir sem vocação para o eterno. Inverno de poucas ilusões - alusões da vida passageira - ora metade, ora inteira... Até que um dia, ou numa noite, as armaduras do destino se traiam na direção dos céus. E a gente fica da vida um sopro e da morte seu réu... Fogaréu do além-mar que se perde entre o vento da vida e a garoa da eternidade. Sem alarde, vamos nas asas do destino ora com Deus, ora com o Diabo, ora com o sol, ora apenas com um candelabro... Resta uma prece, uma ave solta sem destino. Uma ave-maria e um solitário menino procurando o céu sem rumor, sem rancor, sem escarcéu... A morte? Esqueça! Ela é da vida a certeza absoluta...


Morte.

Por:Carlos Cena


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