domingo, 15 de setembro de 2013

COLUNA DICA DE LEITURA: “O SANTO E A PORCA”

DICA DE LEITURA: “O SANTO E A PORCAPor Fernando Chagas da Costa (*)


Já se vão mais de cinco décadas que Ariano Suassuna escreveu a peça teatral “O Santo e a Porca”, montada em três atos, que tem como tema central a avareza explícita de Euricão Árabe (também conhecido por Euricão Engole-Cobra), devoto de Santo Antônio (que ora agradece, ora critica o santo) e       que tem em sua casa uma porca (o nosso conhecido cofrinho) recheada de dinheiro que ele guardou e da qual ele tem como o principal bem de sua vida.

Os outros personagens que compõem a peça são Caroba (empregada da casa e que em suas astúcias lembra-nos, de imediato, de João Grilo, outra inesquecível criação de Ariano, em “O Auto da Compadecida”), Margarida (filha de Euricão), Dodó (filho do rico fazendeiro Eudoro, mas que se disfarça como um coitado empregado de Euricão, para namorar às encondidas com Margarida), Benona, irmã de Euricão e antiga paixão de Eudoro, Pinhão, noivo de Caroba e empregado do fazendeiro Eudoro.

A história começa quando Pinhão traz um recado, através de carta, de Eudoro a Euricão, dizendo-lhe que o rico fazendeiro faria uma visita para pedir-lhe seu bem mais precioso. Imediatamente, o avarento Euricão associa logo a empréstimo/dinheiro e pensa que Eudoro viria em busca da porca.

Caroba, dotada de uma esperteza fantástica, percebe que a visita tem como intenção, na verdade, é para pedir Margarida em casamento (pois o fazendeiro apaixonou-se pela moça, durante uns dias que ela passou em sua casa). Articula, então, um plano mirabolante que envolve todos os personagens, tendo como propósito juntar novamente Benona e Eudoro, casar Margarida com Dodó (romance que nenhum dos pais têm conhecimento) e que ela e Pinhão também saiam ganhando bem da situação. E assim o coloca em ação.

Ao final, após tanta confusão para concretizar o plano, correndo riscos de fracassar, Caroba vê que seus propósitos obtiveram êxito. Euricão,  ao contrário, finda com uma grande decepção.

Ariano registrou que a peça é uma “imitação nordestina” da peça cômica Aulularia, que também é conhecida como a Comédia da Panela (ou da Marmita, como alguns traduzem), do escritor romano Plauto, na qual um homem avarento guarda uma panela (marmita) cheia de ouro.

Boa e hilariante Leitura.


 (*) Fernando Chagas da Costa é funcionário do Banco do Brasil há mais de 30 anos e professor universitário da área de exatas na Faculdade de Alagoas/FAL, vinculada a Estácio de Sá.

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